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- Um nobre senhor mandou um dia o seu criado ao açougue,
dizendo-lhe:
- Traze-me o melhor bocado que lá encontrastes.
Para atender fielmente ao pedido de seu amo, o servo trouxe-lhe uma
língua. O nobre senhor mandou que as criadas preparassem aquela língua,
e assim se deliciou com o estranho e apetitoso bocado.
Dias depois, o senhor chamou novamente o servo e recomendou-lhe:
- Traze-me agora, do mesmo açougue, o bocado mais desprezível que
encontrares.
O criado foi depressa, pensou, e trouxe mais uma língua.
Tomado de admiração, o seu senhor indagou-lhe:
- Que significa isso: pedi o melhor bocado e me trouxestes uma língua;
depois pedi o pior bocado e me trouxestes também uma língua?
Então o servo, que era sumamente sábio, explicou-lhe:
- Não me enganei, senhor. É isso mesmo: a língua é, ao mesmo
tempo,
tudo o que há de melhor e tudo o que há de pior no mundo. Pode
causar
os melhores bens na boca de uma pessoa boa e pode causar os maiores
males na boca de uma pessoa má.
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